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sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Off

Eu sou viciado em redes sociais. Ou pelo menos, era. Hum, talvez esteja num momento ''re-hab''.
Eu sou nerd, e desde sempre, adoro tecnologia. Quando eu era adolescente, minha família não tinha muita grana, então nunca tive muitos "Gadgets", mas preciso dar o crédito a minha mãe que foi muito espertinha e comprou em infinitas prestações meu primeiro computador em 2002.
Mesmo sem internet, eu passava horas fuçando em tudo. Aprendi fazer planilhas com várias funções e até apresentações de PowerPoint, mesmo não fazendo a menor ideia de para quê se usava aquilo na época.
Logo veio a internet. E com ela o (ICQ, o MSN Messenger), o Google e a primeira rede social da minha vida: o Orkut! Eu só tinha um contato, o amigo que me convidou, até eu convencer meus amigos a entrar também porque era a coisa mais legal do mundo e eu já tinha até uma comunidade do Garfield  (que depois, se tornou a maior sobre o tema).
Fui um dos primeiros a aderir ao Facebook, Twitter e passei a entrar para toda e qualquer rede social que alguém criasse, pelo menos para saber como era. 
Hoje em dia eu sou bem inativo no Facebook, Instagram, Snapchat e Pinterest, mas continuo ligado em tudo o que vai aparecendo.
E vamos combinar? Quem não usa redes sociais hoje em dia?
Eu estava tão acostumado a passar o dia todo nas redes sociais que nem me dava mais conta do quanto tempo isso consumia da minha vida e acabava atrapalhando a minha rotina diária.
A coisa ficou séria quando, recentemente, eu voltei a ter aquela sensação que eu tinha quando trabalhava 12 horas por dia em uma agência como segurança: Eu não tenho tempo pra nada e não consigo fazer nada do que me proponho.
A diferença é que atualmente eu tenho um trabalho fixo, então, como isso pode ser possível?
Foi lendo um um livro maravilhoso, chamado Essencialismo, a disciplinada busca por menos, de "Greg McKeown", que me caiu a ficha. O autor defende que devemos identificar o que é vital e eliminar todo o resto da nossa vida, para que possamos dar a maior contribuição possível àquilo que realmente importa.
BINGO! Essa sensação de falta de tempo voltou porque eu estava perdendo tempo demais com coisas não essenciais e uma delas eram as rede sociais, fato!
Como eu sou meio radical, decidi me desafiar e ficar 100 dias sem entrar em nenhuma rede social e sem postar nada. 
Apaguei todos os aplicativos do meu telefone e bloqueei todos os sites no meu computador, começando em janeiro de 2020, ou seja, passei dos 100 dias sem postagem, mas em 100 dias voltei a usar as redes sociais.
Eu aprendi muito com essa experiência e gostaria de dividir um pouco com vocês.
No primeiro dia eu fiquei meio sem rumo. Acordei e instintivamente peguei meu celular, mas não tinha nada para ver. Levantei e continuei meio sem saber como começar meu dia. Senti falta daqueles “minutos” de preguiça passeando pelo meu Feed antes de levantar porque eles me ajudavam a despertar. 
Durante o dia fiquei pensando em tudo o que eu estava perdendo e tive certeza de que o minha vontade foi o maior impulsionador para o meu vício em redes sociais.
No segundo dia já foi mais fácil. Em vez de pegar meu celular eu decidi ouvir um livro por 20 minutos antes de levantar. Isso foi muito legal! Usei os “minutos da preguiça” que eu gosto de passar na cama antes de levantar para aprender alguma coisa.
No fim do dia vi que meu telefone ainda tinha, pasmem, 78% da bateria carregada no dia anterior. Isso mesmo! O que acaba com a bateria são as notificações e as milhões de vezes que abrimos para checar emails, mensagens e etc.
Aliás, eu não fazia ideia do quanto as notificações acabavam com a minha produtividade. Além de eu também tenho TOC. Toda vez que eu vejo uma notificação EU PRECISO ver o que é. E, se aquela notificação exige uma resposta, EU PRECISO responder naquele minuto, tanto que eu nunca consegui fazer joguinhos com as minas porque respondia tudo na lata.
Só que cada vez que eu paro para ler um comentário de alguém, eu acabo voltando pro Feed.
A gente vê muita celebridade de Instagram/ Snapchat dizendo que adora dividir o dia-a-dia nas redes para inspirar as pessoas. Look, a rotina de malhação, a barriga de tanquinho, as viagens, os tratamentos estéticos, os eventos, a decoração da casa, os presentes recebidos no mês e etc.
No terceiro dia eu notei que estava me sentindo muito mais inspirado estando por fora de tudo o que acontece nas redes sociais do que enquanto perdia um tempo precioso do meu dia acompanhando as milhões de horas da vida dessa galera no Instagram, por exemplo.
Isso me fez realizar o quão passivo eu me tornei em relação ao conteúdo que eu consumo. Se tornaram raríssimas as vezes em que eu abro uma janela no meu navegador e digito um site específico. Eu vou seguindo o fluxo e clicando, clicando, clicando naquilo que aparece na minha time line. Isso é um erro! Primeiro porque eu deveria fazer as coisas com propósito e segundo porque os algoritmos são programados para me mostrar o que é interessante para eles e não o que eu realmente preciso ou quero ver.
No fim do dia eu estava me sentindo tão bem que me surpreendeu o fato de que eu não estava sentindo falta nenhuma de todo o conteúdo que eu passava horas consumindo diariamente.
No quarto dia comecei a pensar no propósito das minhas redes sociais. Por que eu posto o que eu posto?
No Facebook eu posto pouco alias nem posto mais. Ele funciona mais como a minha agenda da época da adolescência. Lá tem os aniversários dos amigos, bate-papo, álbuns de fotos, recordações, os lugares que eu fui, lembretes de eventos e o Feed de notícias que passou a ser uma espécie de RSS para eu.
O Instagram, no começo, me encantou pela parte artística. Eu amo fotografia e seguir gente talentosa, ver fotos lindas que me inspiravam e ensinavam a fotografar melhor era muito legal. Tanto que adoro olhar o meu próprio feed de vez em quando para a ver a evolução das minhas fotos. Lá eu posto tudo o que eu acho bonito.
O Pinterest ganhou meu coração quando eu percebi que eu poderia fazer a coisa que eu mais amo no mundo sem ser julgado: FALAR! Ouvir quem quer, interage quem tem vontade e não existe a pressão dos likes.
Ah, os likes… foi a parte que me deixou um pouco desanimado.
Ao mesmo tempo que eu me recuso postar algo só porque gera mais likes, eu comecei a me questionar muito sobre a relevância dos meus posts quando eles não tinham muitos likes ou sempre que depois de uma foto, várias pessoas deixavam de me seguir. Não dá pra negar que todos nós queremos ser queridos e receber um pouco de atenção, né?
Depois do sumiço eu estou tentando não pensar em nada disso. Estou voltando a postar aquilo que eu tenho vontade e que vá me trazer uma lembrança boa no futuro, mesmo que ninguém goste. Se isso inspirar alguém, ótimo, se não, o unfollow está aí para isso, sem ressentimentos!
Meu telefone é uma extensão da minha mão, quase um órgão vital. Não ter o meu celular ali desviando a minha atenção o tempo todo me fez focar muito mais nas atividades enquanto elas estavam acontecendo.
Os momentos de tédio na fila do supermercado ou no ônibus, perfeitos pra ficar nas redes sociais, serviram para me fazer voltar a observar o entorno. Parece que não, mas tédio também é ótimo para fazer a gente pensar na vida, coisa que acabamos não nos permitindo já que existe sempre algo disponível online para nos entreter.
Pelos meus cálculos, eu passava uma média de 4 horas do meu dia nas redes sociais. Depois do sumiço esse número seguramente caiu para meia hora máximo.
Algumas mudanças foram fundamentais para diminuir esse tempo:
Desativei todas as notificações. TO-DAS.
Passei a escolher os momentos em que eu quero entrar nas redes e o que eu quero ver e não apenas seguir o fluxo como antes.
Deixei de seguir todo mundo que de alguma forma me fez sentir inadequado, me deixa pra baixo ou não me inspira de um jeito mais significativo.
Parei de seguir pessoas e conteúdos que viraram paisagem. Sabe aqueles que você não tem mais paciência e acaba passando rápido ou nem presta atenção? Esses 100 dias me ensinaram que cada segundo da minha atenção é mais valioso do que eu imaginava e eu não quero desperdiçar nenhum com o que não é importante.
Também deixei de seguir pessoas e sites que eu não me identifico mais e até me irritam um pouquinho, mas continuava seguindo por causa daquele prazer culpado , sabe?
Eu continuo amando as redes sociais e, morando em outro momento, elas são um excelente meio de me manter perto das pessoas que eu mais amo e até conhecer gente nova, mas foi essencial determinar a importância e o espaço que elas devem ter na minha vida.
Até de está postando esse texto, estou saindo do meu silencio em redes sociais, desculpa mas a inspiração veio, sei que estou sumido do blog, mas aqui está o texto de novembro. 
E vocês? Qual é a relação que vocês têm com as redes sociais? Me contem!

"Eu temo o dia em que a tecnologia ultrapassar a interatividade humana. O mundo terá uma geração de idiotas." Albert Einstein.


Porto Alegre, Zona Norte 27 de Novembro de 2020 10:06 hrs vS''


Vânderson Santos
Te amo!
Nunca vou parar!