11 de janeiro é meu aniversário e tipo eu sei contando nos dedos as pessoas que certamente iram me parabenizar, e o incrível que é sempre os mesmo!
Sempre guardei a teoria de que desejar feliz aniversário era algo sutilmente egoísta.
A maioria dos votos, tal como menções no Facebook, dizem do que a pessoa representa para você, o que viveram juntos e como a permanência dela por mais um ano em torno do Sol faz diferença para o narrador.
E embora as notificações tornem a lembrança um tanto artificial, ainda ajudam a ser percebido como alguém cuidadoso.
No fim, uso essa teoria excêntrica para justificar certo distanciamento do praxe.
Ironicamente, sei muitos detalhes das vidas que parei de congratular. As viagens, idas a museus, o chão que pisam. É como se coexistíssemos, mas um parabéns fosse demais para nossa aproximação.
Se é fácil para quem está longe, o sentimento dá espaço à culpa em datas que conheço muito bem.
Sei o aniversário da minha ex-colega de trabalho, da minha ex cunhada, de todas as minhas tias, de cada ex-namorada. Muitas vezes, deixo os votos, preferencialmente por escrito, para o fim do dia — quando os faço, e não os publico haha tem votos pra todas vocês...
Na tentativa de querer dizer algo significativo, fico em silêncio!
O trio luz, paz e sucesso, ou mesmo arriscar um "juízo" parece irrisório. Gostaria de perguntar se estão realmente bem, saber a última coisa que deram risada, enviar algo que traduzisse melhor nossa relação, uma referência compartilhada que seja.
Gostaria também de ignorar suas preferências políticas, mas é tarde demais e muito perigoso considerar isso.
Ligação? Impensável.
Algo me impede de querer ressurgir na intersecção de suas vidas. É como se compartilhássemos muito, mas não tivéssemos mais nada a dizer.
Nada que não pudesse ser resumido em um coração ou reação em forma de emoji.
A ideia de corresponder aos votos no meu aniversário me deixa tão encabulado quanto. Feliz aniversário? Para você também. Luz? Não, por favor, estou economizando, apaga.
As velas dançantes que se abrem em flores e música me fazem rir estupidamente. A que ponto esse ritual chegou? Quantas vezes pensei em não estar aqui para comemorar? Em nunca mais receber um abraço de lado de estranhos que se veem obrigados a me cumprimentar?
Eu rio da suposta irrelevância, mas me importo muito, em silêncio.
Desculpem por isso. É preciso mudar.
Para todos os efeitos, feliz aniversário, carnaval e Ano Novo.
Conexão é o que nos faz humanos.
Porto Alegre 16 de Janeiro de 2021 21:42 hrs
Vânderson Santos
te amo!
te amo!
