Ao quebrar a linha temporal, novamente tenho um colapso e caio ao
chão como se não tivesse mais minhas pernas. Só consigo levar minhas mãos à
cabeça e sentir que tudo à volta fica de uma cor desbotada, em tons monocromáticos.
Sinto uma dor forte na cabeça e, ao mesmo tempo, escorre sangue apenas de uma
das minhas orelhas, meus pais que estavam em minha frente, sumiram assim como a
cena da poltrona, por frações de segundos a linearidade do tempo começa a
transgredir em minha frente em formato de imagens simultâneas... De repente
tudo escurece e novamente volta a dor, ao abrir meus olhos, me encontro no chão
do meu quarto só que, os móveis totalmente diferente, o lugar parece o mesmo,
sinto que dessa vez não perdi a memória e toda ela se encontra aqui, mas uma
coisa volta a intrigar decido me olhar no espelho, vejo reflexo me deparo mulher,
jovem, sou ruiva. Visto colete verde sobre uma camiseta de algodão branca.
Tenho relógio, brincos, calça jeans. Pareço uma mulher alegre.
— No momento tenho uma impressão
esquisita de não saber o que ainda está acontecendo comigo, e o que aconteceu
enfim, com a Gisele e o que era última imagem que havia visto dela, também
penso nos outros meus pais, a Pat e o Carlinhos, Até a Bruxa da Clarisse que me
fez transgredir novamente na linha do tempo, e penso no que seria os fatos e me
vem novamente a dor na cabeça, como se fosse abrir da nuca até meu pescoço
tamanha dor escuto minha mãe... — “O que tu fez, Melissa?” ... “Tu não lembra o
que o ele fazia com ela, Melissa? Ela teve que morrer naquele dia por que ele
fizesse o que fez.”
E me encontro no quarto em pé com a
dor, mas tudo normal estou equilibrada em cima de meu próprio corpo dessa vez
havia sido diferente, precisava encontra resposta com alguém que poderia me
ajudar, logo abro a porta do quarto, procuro o telefone encontro jogado em cima
de um Puff, esse Puff não exista e eu nunca gostei de Puff, enfim ligo para
Patrícia, mas o número qual eu disquei deu invalido, decido sair do
apartamento, ao olhar para porta vejo pendurada na fechadura a chave com a
maldita santa rezando, pego a chave arranco aquela santa a coloco em cima da
mesa, antes de sair penso com receio de olhar o número e não ser mais o 802,
saio olho para trás Ufa ainda é sim 802, no prédio que ainda tem o carpete
velho e úmido, cheirando a cachorro molhado. Água escorrendo do teto até
encontrar o rodapé.
“Balanço a cabeça, negando a eu
mesma...”
— Que eu fiz ao salvar a Gisele e o que
era o sangue que escoria na poltrona, enfim vou até a casa de Pat, mas Pat não
estava lá e ainda pior o local estava vazio, volto a meu apartamento e penso em
descansar pois minha cabeça doía demais e eu enfim me sentia aliviada por ter
salvado a Gisele, por ter minhas memorias novamente, com fome, vou até a
geladeira e vejo que não tem nada que me interesse, ao fechar a geladeira, vejo
o número de um local que entregam pizzas, decido que por mais que eu queira
resposta preciso me alimentar antes de procurar amarrar as últimas pontas soltas
de minha vida, após comer a pizza decido ir atrás de respostas.
Desvendar o que eu ainda não sei, como viajo
no tempo? E de que forma eu ativo isso? Pois quero que isso não aconteça mais
sinto que agora eu consegui ajeitar as coisas como deveriam ser, saio de casa
ataco o primeiro taxi que vejo.
“Pra onde vamos moça?”
“Clínica Oblivion, Avenida Nilo
Peçanha, número 1800”
“Ok...”
— Chego a clínica subo direto e peço
explicações aos meus pais, que já me esperavam lá...
“Oi Melissa demorou dessa vez diz minha
mãe”
“Como assim demorei?”
“Sim toda semana tu volta aqui sem a
memória e não lembra das coisas e começa a fazer perguntas, de uma tal Gisele e
sempre lhe acalmamos.”
“Penso que algo ali não está me
cheirando bem...”
Quando sinto alguém se aproximar é o
bruto do Max para me segurar e meu pai me aplicar novamente Avenal de
Promatazol, que estava na seringa enorme qual ele segurava.
“Calma Melissa esse é o inibidor,
dessas transgressão no tempo, antes que você queira tentar salvar a Gisele
outra vez, vamos te medicar, e cuidar de você...”
“Empurro eles e saio de lá correndo
desço pelas escadas de emergência e fujo da Oblivion”
Sabendo que o Avenal de
Promatazol, servia como inibidor das minhas transgressão temporal, por isso
eles começaram a me injetar essa substancia, agora faz sentido eu achar que
estava perdendo parte do meu corpo, eram tudo efeitos colaterais do inibidor
das minhas viagens no tempo, sem mais demora, decido procurar a Clarisse,
afinal ela poderia me dar novamente as resposta sobre os fatos, vou a casa da
Clarisse agora eu sei que quis esquecer a memória por culpa de ter deixado a
Gisele morrer afogada e não ter a salvada, pois eu voltei no tempo, lutando
contra as dores de algo que eu nem sabia que poderia fazer e ainda assim acumulo
minhas memorias, sei que fiz isso e pude voltar e salvar a Gisele, mas ainda
não sei como faço isso acontecer, isso é efeito ainda será das injeções e os
medicamentos contínuos que eu fiz ou é um dom, tanta duvidas surgiam até minha
cabeça enquanto eu corria sem parar pelas ruas da cidade, parecia que não havia
ninguém em volta, eu apenas queria saber a realidade de tudo que havia
acontecido a pobre Gisele e o porquê eu comecei a tomar as pílulas e fazer
tratamentos.
Mais curiosa eu ficava por não saber como
eu transgredia no tempo, mesmo com a explicação que meu Pai fez na clínica
ainda tudo era novidade, ainda sentia que não tinha controle sobre nada em
minha vida, corro até a casa de Clarisse curiosa por explicações e para ver a
cara do José, que me dava calafrios sempre que me fintava com aquele sorriso
nojento dele.
Chego na casa de Clarisse tudo parece
igual em torno da casa até a porta ainda é a mesma, bato na porta duas vezes
lentamente, em seguida aparece a Clarisse e me olha com um rosto familiar de
como se já tivesse me esperando ali.
“Olá Mel, entre o Chá de Hortelã já
está ali, estávamos todos te esperando...”
Nisso fico em estado de choque em
frente a porta sem olhar para dentro, pensando “Quem são todos?” — Com muito
temor decido entrar na casa e vejo sentados, Pat e Carlinhos um ao lado do
outro parecendo um casal, mas enfim miro a senhora Clarisse.
“Me conta o que aconteceu depois que eu deixei a Gisele aqui após
salvá-la! Clarisse me diga, desembucha sua Bruxa!”
“Melissa... Melissa, você tem que parar com isso essa já é a quarta
vez que tu tenta salvá-la do destino dela”
“Como destino dela Clarisse explica isso melhor...”
“Mel, quando descobrimos o que o José fazia com a pobre Gisele,
entendi o por que ela se isolava o José era um monstro e agora nessa sua volta
a linha do tempo mudou, por se culpar da primeira vez, qual a Gisele havia se
atirado no píer e vocês não a ajudaram...”
“Para por favor Clarisse, não estou conseguindo entender essa pancada
de informação”
“Clarisse diz que também não entendia e nisso imediatamente fica
calada”
“Mel deixa dessas coisas e vamos voltar para continuar usando o
inibidor você conseguiu ficar bastante tempo sem lembrar da Gisele, isso foi o
que aconteceu por ter parado os medicamentos, as memorias da tragédia voltam, e
sempre que voltam tu desaparece Melissa e novamente sempre que a encontramos tu
está sem saber quem é e não lembra de nós.”
“Pat só quero saber se a Gisele está salva do José.”
“Salva não está Melissa.”
“Como assim Patrícia?” — “Ai Mel deixa a Gisele onde ela deveria ter
ficado no fundo do píer”
“Melissa, você tem que parar com isso, — É Melissa você tem que parar
de tentar salvar a Gisele, ela tem o destino dela!”
“FIQUEM quietos, Pat e Carlinhos, vocês podiam ter me contado isso na
primeira vez que perguntei deixaram eu fazer tudo isso diversas vezes e ninguém
impediu.”
“Melissa,” “— O que Pat?”
“Nós tentamos Mel, tentamos muito, teve
os tratamentos quais tu fez, as perdas de memorias tudo isso foi feito para
tentar evitar de tu se culpar pela morte da Gisele ou por salva-la e descobrir
o que acontecia com ela e tentar mudar sempre a história Mel, tentamos te
impedir muito, não é Carlos?”
“Realmente Melissa, todas as vezes nós
assim como seu pais todos apenas queriam te ajudar e fazer com que tu não
tentasse mudar algo que não era culpa tua, o José molestar a Clarisse e ao
mesmo tempo nós maltratar ela pôr inveja.”
Ainda assim são muitas dúvidas quais eu
tenho, como vocês não perdem a memória com as minhas viagem no tempo, como
vocês nunca esqueceram igual a eu? — Me expliquem, Patrícia e Carlos Carneiro.
“Melissa você aceitou no dia 25 de
outubro fazer parte de algo que nosso pai após muito estudo e ajuda ele
conseguiu descobrir...”
“Conseguiu o que Pat? Para de enrolar e
diz tudo logo não aguento mais esses jogos de ir descobrindo as coisas aos
poucos, onde está a Gisele e o que aconteceu com o José afinal?”
“Melissa nessa sua última tentativa de
mudar os acontecimentos quais eram previsto, tu fez com que a Gisele criasse
coragem de fazer diferente dessa vez.”
“Como assim Pat?” — “Mel, a Gisele matou
o José e logo depois novamente correu até o píer e se joga lá, e nada foi
possível para mudar Mel, tu já tentou diversas vezes, pare de se culpar por
algo que não é você que decide, é o destino dela Mel, e o que fazíamos com ela
nessa linha do tempo não existiu, então pare de se culpar.”
“Patrícia me explica como
vocês todos não perdem a memória e o porquê a linha do tempo de vocês não
mudam?”
“Mel após muitos estudos, chegamos à conclusão que tu pode mudar a
linha do tempo tua e da pessoa qual está contigo, mas isso não afeta no nosso
destino e o como sabemos, que tu faz isso é porque você fez isso mais de uma
vez, por isso com a gente nada acontece de diferente.”
“É Mel, descanse você sempre fez o seu
melhor, e com certeza a Gisele, está feliz do lugar que está por você ter
mudado alguns fatos.”
“Carlinhos tu lembra a última vez que
eu tentei salvar a Gisele?”
“Sim lembro Mel, estávamos aqui na
Clarisse e de repente tu virou as costas e saiu correndo em direção ao píer
igual as outras tentativas de salvar a Gisele... Tu descobria tu virava e sai
correndo em direção ao píer chorando e dizendo que precisava mudar tudo isso”
“Exatamente Carlinhos, está certo não
irei ficar contente enquanto eu não salvá-la.”
“Melissa Souza, você está novamente
fazendo a cara que sempre fez e logo após isso sempre...”
“Sempre o que Carlos Carneiro?”
“Sei lá nós todos temos medo de tu não
viver mais e sempre tentar mudar o destino da Gisele, só queríamos te ajudar
tudo até hoje foi só visando o teu bem Mel.”
“Ok Carlinhos, até mais...”
“Onde você vai Melissa?”
“Você disse que sempre que eu descobria
que não salvava Gisele e que já tentei diversas vezes.”
“Sim Mel, você ficava séria e nisso
virava as costas deixava eu e a Patrícia pra trás e saia correndo em direção ao
local onde a Gisele cometeu suicídio, dizendo que dessa vez não iria errar e
sim conseguiria salvar ela e todos nós.”
“Melissa Souza espera ai onde tu vai
guria correndo desse jeito?”
Salva-la Carlinhos salva-la...
Vânderson Santos